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![Sónia Balacó Instagram - A @vogueportugal pediu-me que escrevesse uma carta de amor e aconteceu isto:
Deixei de lavar a loiça em 1983, mesmo antes da revolução. Havia coisas mais importantes a fazer, nenhum tempo a desperdiçar, zero refeições em casa. Tu costumavas inventar maneiras de a reutilizar, e nós íamos comendo de pratos semi-sujos, com talheres lambidos e os mesmos copos, espalhados por aí. Vibrávamos com ideias e o futuro a ser inventado perante os nossos olhos, atrás dos nossos olhos. Éramos sonhadores, crentes, inovadores a caminho da idade adulta, o que quer que fosse que isso significasse. Correr para casa escadas acima de madrugada para infelicidade dos vizinhos, arte, sempre a arte, citações de um livro que me faziam chorar, o mesmo filme que sabíamos de cor em repeat na televisão, discos, os Beatles, histórias das vidas dos nossos heróis romantizadas pelo tempo e pela nossa inexperiência. A vida era um sonho a revelar-se para nós. O tempo não importava, era eterno, com infinitas oportunidades e possibilidades. O mundo ainda ia ser nosso. Era nosso. Éramos livres e nunca íamos morrer.
Os trintas chegaram como uma piada e com eles a consciência da morte, da passagem do tempo e escolhas e oportunidades limitadas. Tu casaste. Eu endoideci. A arte tornou-se uma coisa séria. O tempo a passar. O que faríamos dele? Filmes. Livros. Música. A revolução não aconteceu mas ficou em nós, em tudo o que fazíamos. Nós tornámo-nos a revolução. O mundo ficou mais pequeno, tirámos os óculos de sol, ideais misturados com dever e contas. Começámos a lavar a loiça. A meter o lixo na rua. A ir para a cama antes da meia-noite. Tornámo-nos adultos. Tu arranjaste trabalho como escritor, eu tornei-me artista. Dávamos as mãos através do grande lago, éramos irmãos, nas nossas almas a marca da revolução, a crença no poder maior da arte e na honestidade. Ainda tínhamos o mesmo sonho em comum, ainda desejávamos as mesmas coisas. Continuámos jovens enquanto corríamos para os quarentas. Mantivemo-nos fiéis a nós mesmos. Acho que alcançámos o sucesso. Acho que é isso que alcançar o sucesso significa: nunca nos perdermos na selva da cidade grande. […]](https://www.gethucinema.com/wp-content/uploads/2024/07/Sonia-Balaco-11-YQ7p5k3416-300x375.jpg)
![Sónia Balacó Instagram - A @vogueportugal pediu-me que escrevesse uma carta de amor e aconteceu isto:
Deixei de lavar a loiça em 1983, mesmo antes da revolução. Havia coisas mais importantes a fazer, nenhum tempo a desperdiçar, zero refeições em casa. Tu costumavas inventar maneiras de a reutilizar, e nós íamos comendo de pratos semi-sujos, com talheres lambidos e os mesmos copos, espalhados por aí. Vibrávamos com ideias e o futuro a ser inventado perante os nossos olhos, atrás dos nossos olhos. Éramos sonhadores, crentes, inovadores a caminho da idade adulta, o que quer que fosse que isso significasse. Correr para casa escadas acima de madrugada para infelicidade dos vizinhos, arte, sempre a arte, citações de um livro que me faziam chorar, o mesmo filme que sabíamos de cor em repeat na televisão, discos, os Beatles, histórias das vidas dos nossos heróis romantizadas pelo tempo e pela nossa inexperiência. A vida era um sonho a revelar-se para nós. O tempo não importava, era eterno, com infinitas oportunidades e possibilidades. O mundo ainda ia ser nosso. Era nosso. Éramos livres e nunca íamos morrer.
Os trintas chegaram como uma piada e com eles a consciência da morte, da passagem do tempo e escolhas e oportunidades limitadas. Tu casaste. Eu endoideci. A arte tornou-se uma coisa séria. O tempo a passar. O que faríamos dele? Filmes. Livros. Música. A revolução não aconteceu mas ficou em nós, em tudo o que fazíamos. Nós tornámo-nos a revolução. O mundo ficou mais pequeno, tirámos os óculos de sol, ideais misturados com dever e contas. Começámos a lavar a loiça. A meter o lixo na rua. A ir para a cama antes da meia-noite. Tornámo-nos adultos. Tu arranjaste trabalho como escritor, eu tornei-me artista. Dávamos as mãos através do grande lago, éramos irmãos, nas nossas almas a marca da revolução, a crença no poder maior da arte e na honestidade. Ainda tínhamos o mesmo sonho em comum, ainda desejávamos as mesmas coisas. Continuámos jovens enquanto corríamos para os quarentas. Mantivemo-nos fiéis a nós mesmos. Acho que alcançámos o sucesso. Acho que é isso que alcançar o sucesso significa: nunca nos perdermos na selva da cidade grande. […]](https://www.gethucinema.com/wp-content/uploads/2024/07/Sonia-Balaco-12-04zgx06149-300x375.jpg)
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Deixei de lavar a loiça em 1983, mesmo antes da revolução. Havia coisas mais importantes a fazer, nenhum tempo a desperdiçar, zero refeições em casa. Tu costumavas inventar maneiras de a reutilizar, e nós íamos comendo de pratos semi-sujos, com talheres lambidos e os mesmos copos, espalhados por aí. Vibrávamos com ideias e o futuro a ser inventado perante os nossos olhos, atrás dos nossos olhos. Éramos sonhadores, crentes, inovadores a caminho da idade adulta, o que quer que fosse que isso significasse. Correr para casa escadas acima de madrugada para infelicidade dos vizinhos, arte, sempre a arte, citações de um livro que me faziam chorar, o mesmo filme que sabíamos de cor em repeat na televisão, discos, os Beatles, histórias das vidas dos nossos heróis romantizadas pelo tempo e pela nossa inexperiência. A vida era um sonho a revelar-se para nós. O tempo não importava, era eterno, com infinitas oportunidades e possibilidades. O mundo ainda ia ser nosso. Era nosso. Éramos livres e nunca íamos morrer.
Os trintas chegaram como uma piada e com eles a consciência da morte, da passagem do tempo e escolhas e oportunidades limitadas. Tu casaste. Eu endoideci. A arte tornou-se uma coisa séria. O tempo a passar. O que faríamos dele? Filmes. Livros. Música. A revolução não aconteceu mas ficou em nós, em tudo o que fazíamos. Nós tornámo-nos a revolução. O mundo ficou mais pequeno, tirámos os óculos de sol, ideais misturados com dever e contas. Começámos a lavar a loiça. A meter o lixo na rua. A ir para a cama antes da meia-noite. Tornámo-nos adultos. Tu arranjaste trabalho como escritor, eu tornei-me artista. Dávamos as mãos através do grande lago, éramos irmãos, nas nossas almas a marca da revolução, a crença no poder maior da arte e na honestidade. Ainda tínhamos o mesmo sonho em comum, ainda desejávamos as mesmas coisas. Continuámos jovens enquanto corríamos para os quarentas. Mantivemo-nos fiéis a nós mesmos. Acho que alcançámos o sucesso. Acho que é isso que alcançar o sucesso significa: nunca nos perdermos na selva da cidade grande. […]](https://www.gethucinema.com/wp-content/uploads/2024/07/Sonia-Balaco-13-paysB88671-300x375.jpg)
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Caption : Dactilografado em 2015, quando andava ainda à procura em mim do livro que se viria a chamar “CONSTELAÇÃO” e a pensar a sua organização. Que este poema se tenha tornado um símbolo para este dia é das coisas mais comoventes e inesperadas que a poesia me trouxe. Obrigada a todos pelas partilhas. Que nos continuemos a lembrar de ir, tomando nada como garantido. 25 de Abril sempre! ❤️Likes : 1309
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Caption : Isto é o acontecimento espontâneo mais lindo do mundo e o poema são mesmo vocês. 🤍 #balacópoetry #poesia #poema #poemas #poesiaportuguesa #novapoesiaportuguesa #poeta #sóniabalacó #soniabalaco #tatuagemLikes : 1105
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Caption : Ontem o “CONSTELAÇÃO” apareceu no Joker e deram a resposta certa! Não é nada de mais, mas é um mundo de coisas para um livro publicado numa editora de nicho e que só existiu por via da minha persistência (teimosia?) e apesar da muita porradinha que levei de gatekeepers e malta do isto-não-é-poesia. Da quinta edição sobram apenas dez exemplares, que podem ser comprados directamente no site da @mariposaazual. 🤍Likes : 865
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Caption : Golden Globes, pink drama. Dress @nunobaltazarstudio @nunobaltazarnb Jewelry @luisarosasjewellery Styling @maria_fale Hair @monsieur_matt_ Make up @danielainacio.mua Photos @joannacorreia_ Set @mais.que.uma with the support of @plataforma285 @globosdeouroLikes : 726
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Caption : @louisvuitton shot by @goncaloclarostudio, styled by @barrosdebarros, make up by @neseaguiar, hair by @helenavazpereira.Likes : 703
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Caption : Taking the (fairy) godmother’s job very seriously. 🤍🪽 A levar o trabalho de (fada) madrinha muito a sério. 🤍🪽Likes : 698
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Caption : It’s giving lo-fi sci-fi. Shooting @fundacion_relvas next film. 🎞️🚀Likes : 584
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Caption : Obrigada a todos pelas mensagens e tanto amor no meu aniversário! Foi o melhor dia de sempre, com ida à @cinemateca.portuguesa em grupo para ver “Smoke Sauna Sisterhood” e tudo. 🌈 E perdoem a lentidão nas respostas às mensagens, estou a tentar! 💚 Foto de @matildetravassos para a @edit__magazine__revista__editLikes : 515
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Caption : No jantar da @vogueportugal em @burberry. A @vogueportugal hangout in @burberry.Likes : 431
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Caption : A night in the life of a chess board. Jewelry @tousjewelry Full look @longchampLikes : 418
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Caption : Another one. 🕊️ @vogueportugal #filmphotography Fotografia – @andy_dyo Styling – @rubendsosorio Makeup e cabelos – @joanaespargo Estúdio – @theplaygroundptLikes : 384
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Caption : If you know me, you know I’ve been dreaming of directing for decades. The good news is: it’s happening! 🎬 Photo by @marinaesiaLikes : 369
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Caption : About to take off. 🪽Likes : 365
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Caption : Foto analógica tirada na sessão para a entrevista da @vogueportugal – quem nunca deixou rolos meses à espera de ser revelados que atire a primeira pedra. Fotografia – @andy_dyo Styling – @rubendsosorio Makeup e cabelos – @joanaespargo Estúdio – @theplaygroundptLikes : 359
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Caption : A canalizar o George Harrison dos anos 70 com a @stefanel_official. Channeling 70s George Harrison with @stefanel_official. Photos by @joaomcatarino_Likes : 358
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Caption : Back to work, back to having fun with @lancomeofficial. #pub #makeup #Labsolurouge #teintidoleultrawear #lancomemascaraLikes : 358
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Caption : Malta, tenho finalmente mais alguns exemplares do CONSTELAÇÃO para vender, que seguirão com assinatura e dedicatória. UPDATE: Já vendi todos os que tinha, mas há mais no site da @mariposaazual (link na bio).Likes : 344
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Caption : Malta, tenho finalmente mais alguns exemplares do CONSTELAÇÃO para vender, que seguirão com assinatura e dedicatória. UPDATE: Já vendi todos os que tinha, mas há mais no site da @mariposaazual (link na bio).Likes : 344
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Caption : Malta, tenho finalmente mais alguns exemplares do CONSTELAÇÃO para vender, que seguirão com assinatura e dedicatória. UPDATE: Já vendi todos os que tinha, mas há mais no site da @mariposaazual (link na bio).Likes : 344
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Caption : Appreciation post for one of my favorite places in Lisboa (and trust me, I’ve tried a LOT of yoga studios). Thank god for yoga, thank god for @yoga.room.lisbon. 🧘♀️🪷Likes : 340
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Caption : Throwback to so many laughs and matching outfits! 🤍Likes : 297
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Caption : PRISMA post production snippet dump. 🎬 In photo 1 and 5, our sound director João Bruno Soeiro. In photo 3, our editor Francisco Costa. Everywhere, my co-director and brother in arms @zebernardino.Likes : 253
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Deixei de lavar a loiça em 1983, mesmo antes da revolução. Havia coisas mais importantes a fazer, nenhum tempo a desperdiçar, zero refeições em casa. Tu costumavas inventar maneiras de a reutilizar, e nós íamos comendo de pratos semi-sujos, com talheres lambidos e os mesmos copos, espalhados por aí. Vibrávamos com ideias e o futuro a ser inventado perante os nossos olhos, atrás dos nossos olhos. Éramos sonhadores, crentes, inovadores a caminho da idade adulta, o que quer que fosse que isso significasse. Correr para casa escadas acima de madrugada para infelicidade dos vizinhos, arte, sempre a arte, citações de um livro que me faziam chorar, o mesmo filme que sabíamos de cor em repeat na televisão, discos, os Beatles, histórias das vidas dos nossos heróis romantizadas pelo tempo e pela nossa inexperiência. A vida era um sonho a revelar-se para nós. O tempo não importava, era eterno, com infinitas oportunidades e possibilidades. O mundo ainda ia ser nosso. Era nosso. Éramos livres e nunca íamos morrer.
Os trintas chegaram como uma piada e com eles a consciência da morte, da passagem do tempo e escolhas e oportunidades limitadas. Tu casaste. Eu endoideci. A arte tornou-se uma coisa séria. O tempo a passar. O que faríamos dele? Filmes. Livros. Música. A revolução não aconteceu mas ficou em nós, em tudo o que fazíamos. Nós tornámo-nos a revolução. O mundo ficou mais pequeno, tirámos os óculos de sol, ideais misturados com dever e contas. Começámos a lavar a loiça. A meter o lixo na rua. A ir para a cama antes da meia-noite. Tornámo-nos adultos. Tu arranjaste trabalho como escritor, eu tornei-me artista. Dávamos as mãos através do grande lago, éramos irmãos, nas nossas almas a marca da revolução, a crença no poder maior da arte e na honestidade. Ainda tínhamos o mesmo sonho em comum, ainda desejávamos as mesmas coisas. Continuámos jovens enquanto corríamos para os quarentas. Mantivemo-nos fiéis a nós mesmos. Acho que alcançámos o sucesso. Acho que é isso que alcançar o sucesso significa: nunca nos perdermos na selva da cidade grande. […]](https://www.gethucinema.com/wp-content/uploads/2024/07/Sonia-Balaco-11-YQ7p5k3416.jpg)
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Deixei de lavar a loiça em 1983, mesmo antes da revolução. Havia coisas mais importantes a fazer, nenhum tempo a desperdiçar, zero refeições em casa. Tu costumavas inventar maneiras de a reutilizar, e nós íamos comendo de pratos semi-sujos, com talheres lambidos e os mesmos copos, espalhados por aí. Vibrávamos com ideias e o futuro a ser inventado perante os nossos olhos, atrás dos nossos olhos. Éramos sonhadores, crentes, inovadores a caminho da idade adulta, o que quer que fosse que isso significasse. Correr para casa escadas acima de madrugada para infelicidade dos vizinhos, arte, sempre a arte, citações de um livro que me faziam chorar, o mesmo filme que sabíamos de cor em repeat na televisão, discos, os Beatles, histórias das vidas dos nossos heróis romantizadas pelo tempo e pela nossa inexperiência. A vida era um sonho a revelar-se para nós. O tempo não importava, era eterno, com infinitas oportunidades e possibilidades. O mundo ainda ia ser nosso. Era nosso. Éramos livres e nunca íamos morrer.
Os trintas chegaram como uma piada e com eles a consciência da morte, da passagem do tempo e escolhas e oportunidades limitadas. Tu casaste. Eu endoideci. A arte tornou-se uma coisa séria. O tempo a passar. O que faríamos dele? Filmes. Livros. Música. A revolução não aconteceu mas ficou em nós, em tudo o que fazíamos. Nós tornámo-nos a revolução. O mundo ficou mais pequeno, tirámos os óculos de sol, ideais misturados com dever e contas. Começámos a lavar a loiça. A meter o lixo na rua. A ir para a cama antes da meia-noite. Tornámo-nos adultos. Tu arranjaste trabalho como escritor, eu tornei-me artista. Dávamos as mãos através do grande lago, éramos irmãos, nas nossas almas a marca da revolução, a crença no poder maior da arte e na honestidade. Ainda tínhamos o mesmo sonho em comum, ainda desejávamos as mesmas coisas. Continuámos jovens enquanto corríamos para os quarentas. Mantivemo-nos fiéis a nós mesmos. Acho que alcançámos o sucesso. Acho que é isso que alcançar o sucesso significa: nunca nos perdermos na selva da cidade grande. […]](https://www.gethucinema.com/wp-content/uploads/2024/07/Sonia-Balaco-12-04zgx06149.jpg)
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Caption : A @vogueportugal pediu-me que escrevesse uma carta de amor e aconteceu isto: Deixei de lavar a loiça em 1983, mesmo antes da revolução. Havia coisas mais importantes a fazer, nenhum tempo a desperdiçar, zero refeições em casa. Tu costumavas inventar maneiras de a reutilizar, e nós íamos comendo de pratos semi-sujos, com talheres lambidos e os mesmos copos, espalhados por aí. Vibrávamos com ideias e o futuro a ser inventado perante os nossos olhos, atrás dos nossos olhos. Éramos sonhadores, crentes, inovadores a caminho da idade adulta, o que quer que fosse que isso significasse. Correr para casa escadas acima de madrugada para infelicidade dos vizinhos, arte, sempre a arte, citações de um livro que me faziam chorar, o mesmo filme que sabíamos de cor em repeat na televisão, discos, os Beatles, histórias das vidas dos nossos heróis romantizadas pelo tempo e pela nossa inexperiência. A vida era um sonho a revelar-se para nós. O tempo não importava, era eterno, com infinitas oportunidades e possibilidades. O mundo ainda ia ser nosso. Era nosso. Éramos livres e nunca íamos morrer. Os trintas chegaram como uma piada e com eles a consciência da morte, da passagem do tempo e escolhas e oportunidades limitadas. Tu casaste. Eu endoideci. A arte tornou-se uma coisa séria. O tempo a passar. O que faríamos dele? Filmes. Livros. Música. A revolução não aconteceu mas ficou em nós, em tudo o que fazíamos. Nós tornámo-nos a revolução. O mundo ficou mais pequeno, tirámos os óculos de sol, ideais misturados com dever e contas. Começámos a lavar a loiça. A meter o lixo na rua. A ir para a cama antes da meia-noite. Tornámo-nos adultos. Tu arranjaste trabalho como escritor, eu tornei-me artista. Dávamos as mãos através do grande lago, éramos irmãos, nas nossas almas a marca da revolução, a crença no poder maior da arte e na honestidade. Ainda tínhamos o mesmo sonho em comum, ainda desejávamos as mesmas coisas. Continuámos jovens enquanto corríamos para os quarentas. Mantivemo-nos fiéis a nós mesmos. Acho que alcançámos o sucesso. Acho que é isso que alcançar o sucesso significa: nunca nos perdermos na selva da cidade grande. […]Likes : 231
![Sónia Balacó - 231 Likes - A @vogueportugal pediu-me que escrevesse uma carta de amor e aconteceu isto:
Deixei de lavar a loiça em 1983, mesmo antes da revolução. Havia coisas mais importantes a fazer, nenhum tempo a desperdiçar, zero refeições em casa. Tu costumavas inventar maneiras de a reutilizar, e nós íamos comendo de pratos semi-sujos, com talheres lambidos e os mesmos copos, espalhados por aí. Vibrávamos com ideias e o futuro a ser inventado perante os nossos olhos, atrás dos nossos olhos. Éramos sonhadores, crentes, inovadores a caminho da idade adulta, o que quer que fosse que isso significasse. Correr para casa escadas acima de madrugada para infelicidade dos vizinhos, arte, sempre a arte, citações de um livro que me faziam chorar, o mesmo filme que sabíamos de cor em repeat na televisão, discos, os Beatles, histórias das vidas dos nossos heróis romantizadas pelo tempo e pela nossa inexperiência. A vida era um sonho a revelar-se para nós. O tempo não importava, era eterno, com infinitas oportunidades e possibilidades. O mundo ainda ia ser nosso. Era nosso. Éramos livres e nunca íamos morrer.
Os trintas chegaram como uma piada e com eles a consciência da morte, da passagem do tempo e escolhas e oportunidades limitadas. Tu casaste. Eu endoideci. A arte tornou-se uma coisa séria. O tempo a passar. O que faríamos dele? Filmes. Livros. Música. A revolução não aconteceu mas ficou em nós, em tudo o que fazíamos. Nós tornámo-nos a revolução. O mundo ficou mais pequeno, tirámos os óculos de sol, ideais misturados com dever e contas. Começámos a lavar a loiça. A meter o lixo na rua. A ir para a cama antes da meia-noite. Tornámo-nos adultos. Tu arranjaste trabalho como escritor, eu tornei-me artista. Dávamos as mãos através do grande lago, éramos irmãos, nas nossas almas a marca da revolução, a crença no poder maior da arte e na honestidade. Ainda tínhamos o mesmo sonho em comum, ainda desejávamos as mesmas coisas. Continuámos jovens enquanto corríamos para os quarentas. Mantivemo-nos fiéis a nós mesmos. Acho que alcançámos o sucesso. Acho que é isso que alcançar o sucesso significa: nunca nos perdermos na selva da cidade grande. […]](https://www.gethucinema.com/wp-content/uploads/2024/07/Sonia-Balaco-13-paysB88671.jpg)
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Caption : A @vogueportugal pediu-me que escrevesse uma carta de amor e aconteceu isto: Deixei de lavar a loiça em 1983, mesmo antes da revolução. Havia coisas mais importantes a fazer, nenhum tempo a desperdiçar, zero refeições em casa. Tu costumavas inventar maneiras de a reutilizar, e nós íamos comendo de pratos semi-sujos, com talheres lambidos e os mesmos copos, espalhados por aí. Vibrávamos com ideias e o futuro a ser inventado perante os nossos olhos, atrás dos nossos olhos. Éramos sonhadores, crentes, inovadores a caminho da idade adulta, o que quer que fosse que isso significasse. Correr para casa escadas acima de madrugada para infelicidade dos vizinhos, arte, sempre a arte, citações de um livro que me faziam chorar, o mesmo filme que sabíamos de cor em repeat na televisão, discos, os Beatles, histórias das vidas dos nossos heróis romantizadas pelo tempo e pela nossa inexperiência. A vida era um sonho a revelar-se para nós. O tempo não importava, era eterno, com infinitas oportunidades e possibilidades. O mundo ainda ia ser nosso. Era nosso. Éramos livres e nunca íamos morrer. Os trintas chegaram como uma piada e com eles a consciência da morte, da passagem do tempo e escolhas e oportunidades limitadas. Tu casaste. Eu endoideci. A arte tornou-se uma coisa séria. O tempo a passar. O que faríamos dele? Filmes. Livros. Música. A revolução não aconteceu mas ficou em nós, em tudo o que fazíamos. Nós tornámo-nos a revolução. O mundo ficou mais pequeno, tirámos os óculos de sol, ideais misturados com dever e contas. Começámos a lavar a loiça. A meter o lixo na rua. A ir para a cama antes da meia-noite. Tornámo-nos adultos. Tu arranjaste trabalho como escritor, eu tornei-me artista. Dávamos as mãos através do grande lago, éramos irmãos, nas nossas almas a marca da revolução, a crença no poder maior da arte e na honestidade. Ainda tínhamos o mesmo sonho em comum, ainda desejávamos as mesmas coisas. Continuámos jovens enquanto corríamos para os quarentas. Mantivemo-nos fiéis a nós mesmos. Acho que alcançámos o sucesso. Acho que é isso que alcançar o sucesso significa: nunca nos perdermos na selva da cidade grande. […]Likes : 231
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